Doenças Crônicas e o Impacto no PIB Brasileiro

As doenças crônicas são os “vilões” da saúde em diversos países. Vários estudos sobre o tema já foram realizados para mobilizar e buscar soluções para esse mal que assola o mundo, principalmente o Brasil. Um deles trata-se do mais recente conjunto de estudos do professor Bruce Rasmussen, da Universidade de Victoria, na Austrália. A pesquisa "O Impacto da Saúde na Frequência e Produtividade da Força de Trabalho em 12 Países" detectou que a incidência dessas doenças vem causando ao longo dos anos um impacto negativo no PIB brasileiro. De acordo com o trabalho, a estimativa é que em 2030 as perdas alcancem 8,7% do PIB.

Dentre os pontos apresentados pelo estudo estão as implicações econômicas, geradas pelo processo de envelhecimento da população economicamente ativa, combinada com as mudanças na saúde dessas pessoas causadas pelas doenças crônicas. Nesta questão, foram considerados os custos que impactam diretamente o PIB. Dessa forma, perdas relacionadas à aposentadoria precoce, ao absenteísmo e queda da produtividade do trabalhador foram analisadas nas observações do professor Rasmussen.

Segundo os estudos, os custos relativos à aposentadoria precoce nos grupos selecionados na pesquisa chegam a 2-4% do PIB ao ano. O Brasil está no topo deste ranking entre os países latinos avaliados, sendo atualmente 2,4% do PIB com probabilidade de chegar a 2,9% em 2030.

O trabalho revelou que, na momento, os países enfrentam alguns desafios comuns: o envelhecimento da população e a alta incidência de doenças crônicas e dos fatores de risco, que contribuem para o surgimento de comorbidades futuramente.

Aliado a isso, um comparativo da população economicamente ativa (acima de 45 anos) no Brasil foi feito durante a pesquisa. De acordo com os dados, em 1980 a proporção desse grupo era de 16%. Em 2015, aumentou em 13% colocando o país no patamar de mais “velho” entre os países latinos estudados. A tendência, segundo o trabalho, é que esse número atinja 39% até 2030. 

A discussão sobre o assunto segue em pauta no Brasil. Os dados do estudo serão apresentados no dia 10 de dezembro, em Brasília, na Conferência Impactos da Saúde na Produtividade, na Confederação Nacional da Indústria (CNI). O evento é organizado pelo Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Seção Americana), organização privada que defende a promoção do livre comércio e investimentos entre os dois países. Debates sobre estratégias de combate às doenças crônicas e estímulo a investimentos em saúde para alcançar as metas econômicas também serão colocados em pauta.